sexta-feira, 2 de março de 2012

Keynesfilia versus keynesfobia

Os autores do livro "Como a Economia Cresce e Por Que Ela Quebra", Sr. Peter D. Schiff e Sr. Andrew Schiff corajosamente e de forma bem consistente defendem, a deflação e não a desinflação como antídoto para momentos de surtos inflacionários, alegando que se confunde a cura com a doença. Abomina a emissão de moeda sem lastro, ou lastro fiduciário.
Se o seu pensamento arrebatar mais adeptos, poderá ser um divisor de águas no estudo da economia na dimensão do que foi a substituição das expectativas adaptativas pelas expectativas racionais que explicou o fenômeno da estaginflação (inflação com recessão), durante a Crise do Petróleo dos anos 70, corrigindo e não implodindo a Curva de Philips.
Não tenho a bagagem de conhecimento no tema dos autores citados, mas gostaria de por uma pitada de sal na conversa. Expansão monetária (emissão de moeda sem lastro, ou com lastro fiduciário, um eufemismo, talvez) para corrigir distorções nas curvas IS x LM, pode parecer confundir a cura com a doença, mas certas patologias (recessão) podem  ter uma dosagem do remédio (deflação) num volume tal que haja mais contraindicações do que indicações, por exemplo: um desemprego episódico transformado em crônico para uma boa parcela da população. A cura não é problema, e sim solução, mas a velocidade com que se implementaria tal cura, se exagerada, poderá anular os seus benefícios. Quando uma pessoa está sob tratamento de corticóides, e é desejável que este seja suspenso, o mesmo não é feito de forma brusca, mas sim gradual. Um grande navio cargueiro partiu-se ao meio perto da Oceania e as autoridades culpam o capitão, insinuando que este fez uma manobra brusca, comprometendo a integridade do barco. Se fosse uma manobra em um jet-ski, esta manobra não seria considerada tão brusca. Esta é a diferença entre micro e macroeconomia.
Quando a expansão monetária não sanou a crise de 29, Keynes deve ter ganho seus primeiros keynesfóbicos. Ocorre que na sua essência o raciocínio estava correto e um estudo econométrico mais apurado mostra que ocorrera uma diminuição no multiplicador monetário (velocidade com que a moeda troca de mãos) anulando o efeito da expansão monetária..
Emissão de moeda sem fidúcia (sem prespectivas de geração de lastro) é quebra de confiança (fidúcia). A crise grega, entre vários causas, foi gerada pela criação de empregos e não necessariamente trabalho, ou seja, o fator de produção trabalho só faz jus ao nome se der um retorno produtivo à Sociedade. A geração emprego por si só, neste caso, não é lastreada em nada. Ler livro Bumerang – Uma Viagem Pela Economia do Novo Terceiro Mundo de Michael Lewis.
A defesa do crescimento contínuo não se sustenta a longo prazo, A analogia mais próxima de crescimento contínuo é a do câncer. Será isso que nós queremos???
Não deveríamos pensar em Keynes tão somente pelas curvas IS x LM ,mas também pelas curvas de Oferta Agregada e Demanda Agregada. Onde as primeiras são a força motriz e estas últimas seriam as forças que dominam o ímpeto dos mercados, quando os mesmos entram em rota de autodestruição.
Deflação não seria o demônio que a maioria pinta, pois seria subestimar demais a sanidade das pessoas combatê-la, quando a mesma for fruto de ganhos de produção, inovação e espírito empreendedor.
Carlos Prestes (líder comunista brasileiro) disse que não foi o socialismo que arruinou a União Soviética e sim a União Soviética que arruinou o socialismo. Será que não é o modelo keynesiano que está arruinando a economia neste início de milênio, e sim os seus seguidores que estão arruinando o modelo keynesiano???????



Wellington Marinho Falcão

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