segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Matriz de Michael Porter

Antes de adentrarmos no meu artigo, gostaria que lessem os artigos nos links abaixo:


Em função do exposto acima, façamos um breve passeio pelas forças que regem a Matriz de Michael Porter que são: 
  1. Ameaça de Produtos Substitutos;
  2. Ameaça de Novos Entrantes;
  3. Poder de Barganha dos Fornecedores;
  4. Poder de Barganha dos Clientes;
  5. Rivalidade entre Concorrentes.
Na semana passada curti merecidas férias na agradabilíssima João Pessoa no estado vizinho da Paraíba e recomendo que apreciem os deliciosos pratos regionais do Restaurante Mangaio. Nele tive a grata surpresa de apreciar um delicioso pão feito de mandioca, o que me levou  no tempo a uma discussão sobre um Projeto que previa a adição compulsória de fécula de mandioca no pão francês no montante de 20% do seu peso em substituição ao trigo importado (Ameaça de Produtos Substitutos), com o fim de se baratear o seu custo e ao mesmo tempo beneficiar pequenos agricultores da citada raiz. No entanto, alguns proprietários de padarias presentes alertaram que o uso compulsório, ao invés de baixar o preço, causaria o seu aumento, pois a sua oferta não atenderia a demanda. Não sou fã daqueles números mágicos que vaticinam que tal e tal atividade têm esta ou aquela taxa de retorno, pois se todos os empreendedores forem unicamente motivados por esses números para entrar de corpo e alma nestas atividades, pode ocorrer o inverso da fécula de mandioca, isto é, os preços, e consequentemente as taxas de retorno, caírem, pois aumentaríamos a oferta numa toada maior que a demanda. Na vertente Ameaça de Novos Entrantes, há uma possibilidade muito interessante: Quão mais fácil for a entrada em uma atividade, mais fácil ela será copiada por terceiros, pois se a barreira a novos entrantes foi mínima para você, provavelmente será mínima para os demais. Aumentar-se-á a oferta numa toada maior que a demanda, derrubando os retornos (pay back). Por outro lado, quão mais difícil for a barreira aos novos entrantes, uma vez transposta esta barreira, mais difícil será lhe roubarem a fatia de mercado por você conquistada.
Na vertente Ameaça de Produtos Substitutos, um caso bem interessante é o da Kodak que, embora tenha sido pioneira nas câmeras digitais (tornaremos a falar a respeito no artigo Matriz BCG) a negligenciou em favor do produto de seu portfólio que lhe rendia mais dinheiro: filmes fotográficos. O final da estória todos nós sabemos, não é? Ela entrou esta semana em processo de concordata (filed for chapter 11 in American English, or requested Bankruptcy Protection in British English). Se for para alguém tornar nosso produto obsoleto, que nós mesmos o tornemos. Aliás, uma caso bem próximo ao meu convívio é o de um restaurante de sucesso localizado na rua onde meus pais moram em Recife que, devido ao seu estrondoso sucesso, atraiu centenas de pessoas de todos os cantos da cidade ao ponto que uma pessoa que tenha se deslocado no trânsito caótico de lá ao chegar ao mesmo, acabava por encontrá-lo lotado. O melhor negócio do mundo, segundo uma conhecido meu, é colocar um motel ao lado de outro já existente, por razões bem parecidas com esta. Não perderei a viagem enfrentando mais um tempo extra o trânsito caótico. Evitando-se que outro restaurante aproveitasse o seu sucesso e se instalasse na rua, o seu proprietário instalou uma segunda unidade da mesma nela. Se é para alguém concorrer com o meu negócio, que eu concorra comigo mesmo.
Na vertente Poder de Barganha dos Fornecedores, eu poderia usar um exemplo de Política Internacional, pois os jogos que as nações jogam não são muito diferentes daqueles que as empresas jogam. O ex-ministro Delfim Neto destaca como um certo devaneio o sonho brasileiro de tornar o etanol uma commodity onde os Estados Unidos ficariam dependentes do etanol proveniente da cana-de-açúcar (Brasil) em relação ao proveniente do milho (Estados Unidos). Geoestrategicamente, os Estados Unidos ainda estariam menos vulneráveis às instabilidades políticas de pouco mais de uma dúzia de países produtores de petróleo do que depender tão somente de um único país produtor de etanol.
Na vertente Poder de Barganha dos Clientes, mais uma vez me reporto aos jogos que as nações jogam. Na licitação internacional para compra de caças para a Força Aérea Brasileira (FAB) o que está pesando contra o caça francês Rafale é que só a França o opera. O Brasil tem receio que sendo o segundo e eventualmente último país a operá-lo, os seus custos de manutenção, operação e logística se tornem proibitivos. A Dassault (fabricante francesa do Rafale) sabe que não pode depender de um único cliente externo e espera vendê-lo para Emirados Árabes e Kwait, além de Brasil. Só que cada um desses três países fica num jogo de espera, pois torce para que haja um segundo comprador e só aí decidir se será ou não o terceiro. Há um impasse, sem dúvida. Aliás, o Rafale concorre contra o Eurofighter Typhoon por uma encomenda para a Força Aérea da Índia.
Por fim, na Rivalidade entre Concorrentes o Poder Público pode, sob pressão de fortes lobbys, usar impostos como IPI e II com fins regulatórios e não arrecadatórios, ou seja, proteger grupos locais em detrimento de estrangeiros. No universo das micro e pequenas empresas isto poderia ocorrer através da existência de cartéis, onde os grupos já existentes e capitalizados podem trabalhar com preços proibitivos para os novos entrantes, e(ou) ter domínio dos canais de distribuição e pontos de venda.

Wellington Marinho Falcão

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