terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Uma pessoa jurídica que não fez o auto-exame…

 

O investimento em ativo fixo necessita de amortização ao longo de vários exercícios financeiros, sob pena de erroneamente se acabar por alocá-lo todo em um único exercício. Se os investimentos em imobilizado, por exemplo, são amortizáveis em 60 meses, 1/60 do valor do mesmo deve constar como despesa de depreciação mês-a-mês e não se deve alocar todo ele no mês em que se efetivou a aquisição. Se tenho R$ 60 mil em máquinas que após 5 anos (60 meses) deverão ser trocadas, a cada mês estas máquinas valerão R$ 1 mil a menos (R$ 59 mil no mês seguinte, R$ 58 mil no posterior e assim por diante). Esta perda de valor se deve ao uso, ação do tempo ou obsolescência. Esta redução de R$ 1 mil por mês (depreciação) é o que se chama de despesa não-desembolsável ou despesa invisível, pois muitos, por não verem esta valor sair do caixa confunde-o com o lucro, o que não é verdade. Porém, se o empresário citado tiver a certeza que o mundo se acabará daqui a 5 anos, tudo bem! Ele pode embolsar o valor da depreciação que é de R$ 1mil mensais, mas, graças a Deus, não é o caso. Se ele todo mês ele aplicasse estes R$ 1mil na poupança, que dá um rendimento de 8% ao ano, descontando-se a inflação anual de 5%, teríamos um rendimento real de 3% ao ano, tendo ao final de 60 meses um saldo na poupança de R$ 64.646,71. Supondo que no início eram 60 máquinas a R$ 1 mil cada, ao final de 60 meses se comprariam 64 máquinas e ainda haveria troco, imaginando que as máquinas foram reajustadas pelo valor da inflação. Porém, se o empresário embolsar mensalmente o valor da depreciação e ao final de 60 meses financiá-las em 36 meses a 12% ao ano (juros reais) em tabela price, ele teria pago por 60 máquinas 36 parcelas de R$ 1.992,86. Isto resulta em um total desembolsado de R$ 71.742,91. Pagou-se quase 12 máquinas só de juros. Embolsar os valores da depreciação ao invés de provisioná-los é comparável a se ter um câncer que sorrateiramente vai ceifando a vida da empresa, e quando se descobre a sua existência já é tarde, pois há um verdadeiro processo de metástase, podendo se chegar a um ponto sem volta.

Por Wellington Marinho Falcão (SEBRAE-PE Caruaru

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